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quarta-feira, 15 de junho de 2016

QUANDO JAMAIS SERÁ PASSADO

do outro lado da noite/
o castelo de cartas/
do rei dos fracassados/
do submundo/
voa sonhos janela afora/
até desbotar ao sereno da lua/

qual é o gosto da demora?/
quem é o mestre vagabundo? /
o que há no anel do falso demente?/
atrás da máscara vigia o que entende/

a ética é só estética/
no trem o fantasma/
domina estranhamente/
aos que não reagem/
porque o jogo fim não tem//

o rogo é alecrim/
na ceia dos agiotas/
idiotas sósias  dos palhaços/
eletrônicos capachos das sombras//

nem um pouco tontas/
mergulhadas nas tintas/
das descomposturas lindas/
da queda do império aos impropérios//

quando jamais será passado/
quando só se quer o dia termine/
não importa quanto a esfinge/
o olhar incline //

devagar o crime/
ocupa o espaço do milagre/
aonde o galo canta metralha/
e o desprezo escangalha/
o poeta esmolando vocabulário de cabeça-de-bagre


Erico y Alvim

terça-feira, 31 de maio de 2016

COMIDA ROUBADA

O que pode o homem rude e apaixonado/
que não cantar o blues e o rock'n'roll/
à moda das guerrilhas radicais da religião? //

Nesta cidade de sombras loucas/
a conspiração é real/
prefiro ficar que nem anjo desligado/
fumando baseado na chaminé apagada/
da fábrica falida/
aonde a minha alma queimada é um rasgo/
no céu que me escorre pelos dentes//

Política é lugar de santidade nenhuma/
por isso minha igreja é do rock'n'roll/
o direito urbano além do esconderijo/
é a comida roubada/
a cerveja é para o espírito assim como a espuma/
é a herança na vaidade do abestalhado//

Caçar é para ser de máscara/
do contrário tartarugas e lagartos/
desfilariam limusines nos carnavais/
por isso sigo você pelo telescópio da cobiça/
armado apenas de dentes e ostentação/
a moeda de troca é a foice do carrasco//

não desisto de você/
a escalada social/
é um compromisso de sangue e destino/
mas só o excesso é caminho da sabedoria/
porque nossas intensidades esgotam a noite/
quando mergulho estrelas/
nas suas carnes abertas em fúria


Erico y Alvim